Bíblia é o texto religioso de valor sagrado para o Cristianismo, em que a interpretação religiosa do motivo da existência do homem na Terra sob a perspectiva judaica é narrada por humanos. É considerada pela Igreja como divinamente inspirada.
Segundo a tradição aceita pela maioria dos cristãos, a Bíblia foi escrita por 40 autores, entre 1445 e 450 a.C. (livros do Antigo Testamento) e 45 e 90 d.C. (livros do Novo Testamento), totalizando um período de quase 1600 anos. A maioria dos historiadores acreditam que a data dos primeiros escritos considerados sagrados é bem mais recente: por exemplo, enquanto a tradição cristã coloca Moisés como o autor dos primeiros cinco livros da Bíblia (Pentateuco), muitos estudiosos aceitam que foram compilados pela primeira vez apenas após o exílio babilônico, a partir de outros textos datados entre o décimo e o quarto século antes de cristo. Muitos estudiosos também afirmam que ela foi escrita por dezenas de pessoas oriundas de diferentes regiões e nações.
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Iterpretação
Segundo o jornalista David Plotz, da revista online Slate Magazine, até um século atrás, a maioria dos estadunidenses bem instruídos conheciam a Bíblia a fundo. Ele também afirma que atualmente, o desconhecimento bíblico é praticamente total entre pessoas não-religiosas. Ainda segundo Plotz, mesmo entre os fiéis, a leitura da Bília é irregular: a Igreja Católica inclui somente uma pequena parcela do Velho Testamento nas leituras oficiais; os judeus estudam bastante os cinco primeiros livros da Bíblia, mas não se importam muito com o restante; os judeus ortodoxos normalmente passam mais tempo lendo o Talmude ou outra coisa que a Bíblia em si; somente os protestantes evangélicos lêem a Bíblia, obsessivamente.
A inacessibilidade da Bíblia entre a Antiguidade e a Idade Média resultou na criação de diversas narrativas sobre os personagens cristãos, criando acréscimos e distorções. A Igreja Católica não permitia que seus fiéis possuíssem exemplares da Bíblia, alegando que estes não teriam nunca a capacidade necessária para interpretá-la, devido à sua complexidade. Assim, afirmava que a responsabilidade de ensinar as orientações de Deus era exclusivamente sua.
Os conflitos entre ciência e religião foram, em parte, ajudados pela interpretação literal da Bíblia. Esta não deve ser interpretada como um relato preciso da história da humanidade ou uma descrição perfeita da natureza. Galileu Galilei considerava que a Bíblia deveria ser interpretada a partir do estudo da natureza. Os escravocratas basearam-se na parte da Bíblia que conta sobre Noé ter condenado seu filho e seus descendentes à escravidão para justificar religiosamente a escravidão.
Martinho Lutero considerava que o amor de Cristo era alcançável gratuitamente por meio da Bíblia. Foi um dos primeiros teólogos a sugerir que as pessoas deveriam ler e interpretar a Bíblia por si mesmas. A maioria das pessoas interpreta a Bíblia por intermédio de seu líder religioso.
As Testemunhas de Jeová consideram 66 livros como componentes da Bíblia, interpretando-a de forma literal exceto quando o texto evidencia estar em sentido figurado. Chamam o Novo Testamento de Escrituras Gregas Cristãs e o Velho Testamento de Escrituras Hebraicas. Para o espiritismo a Bíblia é uma das várias referências de compreensão do mundo espiritual (não é a principal).
Estrutura interna
A Bíblia atualmente é dividida em dois grandes grupos de livros: o Antigo e o Novo Testamento. O Antigo Testamento apresenta a história do mundo desde sua criação até os acontecimentos após a volta dos judeus do exílio babilônico, no século IV a.C. O Novo Testamento apresenta a história de Jesus Cristo e a pregação de seus ensinamentos, durante sua vida e após sua morte, no século I d.C.
A Bíblia não era dividida em capítulos até 1227 d.C., quando o professor Sthepen Langton os criou, e não apresentava versículos até ser assim dividida em 1551 por Robert Stephanus.
Livros do Antigo Testamento
A quantidade de livros do Antigo Testamento varia de acordo com a religião ou Denominação cristã que o adota: a Bíblia dos cristãos protestantes o Tanakh judaico incluem apenas 39 livros, enquanto a Igreja Católica aceita 46 livros. Os sete livros adicionais da Bíblia católica são conhecidos como deuterocanônicos.
Os livros do Antigo Testamento aceitos por todos os cristãos como sagrados (também chamados "protocanônicos") são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Os livros aceitos apenas pela Igreja Católica como sagrados são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico e Baruque.
Segundo a visão protestante, os textos deuterocanônicos (chamados "Livros apócrifos" pelos protestantes) foram, supostamente, escritos entre Malaquias e Mateus, numa época em que segundo o historiador judeu Flávio Josefo, a Revelação Divina havia cessado porque a sucessão dos profetas era inexistente ou imprecisa (ver: Testimonium Flavianum). O parecer de Josefo não é aceito pelos cristãos católicos, ortodoxos e por alguns protestantes, e igualmente pensam assim uma maioria judaica não farisaica, porque Jesus afirma que durou até João Batista, "A lei e os profetas duraram até João"(cf. Lucas 16:16; Mateus 11:13).
Livros do Novo Testamento
O Novo Testamento é composto de 27 livros: Evangelho de Mateus, Evangelho de Marcos, Evangelho de Lucas, Evangelho de João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filémon, Hebreus, Epístola de Tiago, Primeira Epístola de Pedro, Segunda Epístola de Pedro, Primeira Epístola de João, Segunda Epístola de João, Terceira Epístola de João, Epístola de Judas e Apocalipse.
Através dos séculos, desde o começo da era cristã, e inclusive em alguns contextos, como na Reforma Protestante do século XVI, os textos deuterocanônicos do Novo Testamento foram tão debatidos como os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento. Finalmente, os reformistas protestantes decidiram rejeitar todos os textos deuterocanônicos do Antigo Testamento, e aceitar todos os textos deuterocanônicos do Novo Testamento (ver: Apócrifos do Novo Testamento).
Origem do termo "testamento"
Este vocábulo não se encontra na Bíblia como designação de uma de suas partes. A palavra portuguesa "testamento" corresponde à palavra hebraica berith (que significa aliança, pacto, convênio, contrato), e designa a aliança que Deus fez com o povo de Israel no Monte Sinai, tal como descrito no livro de Êxodo (Êxodo 24:1-8 e Êxodo 34:10-28). Segundo a própria Bíblia, tendo sido esta aliança quebrada pela infidelidade do povo, Deus prometeu uma nova aliança (Jeremias 31:31-34) que deveria ser ratificada com o sangue de Cristo (Mateus 26:28). Os escritores do Novo Testamento denominam a primeira aliança de antiga (Hebreus 8:13), em contraposição à nova (2 Coríntios 3:6-14).
Os tradutores da Septuaginta traduziram berith para diatheke, embora não haja perfeita correspondência entre as palavras, já que berith designa "aliança" (compromisso bilateral) e diatheke tem o sentido de "última disposição dos próprios bens", "testamento" (compromisso unilateral).
As respectivas expressões "antiga aliança" e "nova aliança" passaram a designar a coleção dos escritos que contém os documentos respectivamente da primeira e da segunda aliança. As denominações "Antigo Testamento" e "Novo Testamento", para as duas coleções dos livros sagrados, começaram a ser usadas no final do século II, quando os evangelhos e outros escritos apostólicos foram considerados como parte do cânon sagrado. O termo "testamento" surgiu através do latim, quando a primeira versão latina do Velho Testamento grego traduziu diatheke por testamentum . São Jerônimo, revisando esta versão latina, manteve a palavra testamentum, equivalendo ao hebraico berith — "aliança", "concerto", quando a palavra não tinha essa significação no grego (ver: Vulgata). Afirmam alguns pesquisadores que a palavra grega para "contrato", "aliança" deveria ser suntheke, por traduzir melhor o hebraico berith.
Versões
As diversas igrejas cristãs possuem algumas divergências quanto aos seus cânones sagrados. Inclusive protestantes entre protestantes.
A Igreja Católica possui 46 livros no Antigo Testamento como parte de seu cânone bíblico. Os livros de Livro de Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, I Macabeus e II Macabeus e as chamadas Adições em Ester e Adições em Daniel) são considerados "deuterocanônicos" (ou "do segundo cânon") pela Igreja Católica. Além disso, existem 27 livros no Novo Testamento.
As igrejas cristãs ortodoxas e as outras igrejas orientais, aceitam, além de todos estes já citados, outros dois livros de Esdras, outros dois dos Macabeus, a Oração de Manassés, e alguns capítulos a mais no final do livro dos Salmos (um nas Bíblias das igrejas de tradição grega, cóptica, eslava e bizantina, e cinco nas Bíblias das igrejas de tradição siríaca).
Traduções
Eusébio Sofrônio Jerônimo (conhecido como São Jerônimo pelos católicos) traduziu a Bíblia diretamente do hebraico, aramaico e grego para o latim, criando a Vulgata. No Concílio de Trento em 1542, essa versão traduzida foi estabelecida como versão oficial da Bíblia para a Igreja Católica. Em meados do século XIV o teólogo John Wyclif realizou a tradução da Bíblia para o inglês. Após a Reforma Protestante a Bíblia recebeu traduções para diversas línguas e passou a ser distribuída sem restrições para as pessoas.
Martinho Lutero traduz a Bíblia para a língua alemã enquanto estava escondido em Wittenberg do Papa Leão X, que queria fazer um "julgamento" após a publicação das 95 Teses.
A grande fonte hebraica para o Antigo Testamento é o chamado Texto Massorético. Trata-se do texto hebraico fixado ao longo dos séculos por escolas de copistas, chamados massoretas, que tinham como particularidade um escrúpulo rigoroso na fidelidade da cópia ao original. O trabalho dos massoretas, de cópia e também de vocalização do texto hebraico (que não tem vogais, e que, por esse motivo, ao tornar-se língua morta, necessitou de as indicar por meio de sinais), prolongou-se até ao Século VIII d.C. Pela grande seriedade deste trabalho, e por ter sido feito ao longo de séculos, o texto massorético (sigla TM) é considerado a fonte mais autorizada para o texto hebraico bíblico original.
No entanto, outras versões do Antigo Testamento têm importância, e permitem suprir as deficiências do Texto Massorético. É o caso do Pentateuco Samaritano (os samaritanos que eram uma comunidade étnica e religiosa separada dos judeus, que tinham culto e templo próprios, e que só aceitavam como livros sagrados os do Pentateuco), e principalmente a Septuaginta Grega (sigla LXX).
A Versão dos Setenta ou Septuaginta Grega, designa a tradução grega do Antigo Testamento, elaborada entre os séculos IV e II a.C., feita em Alexandria, no Egito. O seu nome deve-se à lenda que dizia ter sido essa tradução um resultado milagroso do trabalho de 70 eruditos judeus, e que pretende exprimir que não só o texto, mas também a tradução, fora inspirada por Deus. A Septuaginta Grega é a mais antiga versão do Antigo Testamento que conhecemos. A sua grande importância provém também do facto de ter sido essa a versão da Bíblia utilizada entre os cristãos, desde o início, versão que continha os Deuterocanônicos, e a que é de maior citação do Novo Testamento, mais do que o Texto Massorético.
A Igreja Católica considera como oficiais 73 livros bíblicos (46 do Antigo Testamento e 27 do Novo), sendo 7 livros a mais no Velho Testamento do que das demais religiões cristãs e pelo Judaísmo. Já a Bíblia usada pela Igreja Ortodoxa contém 76 livros, 3 a mais que a católica e 10 a mais que a protestante.
Erros e adulterações
Roger Bacon afirma que vários textos da Bíblia estavam adulterados.
Segundo Bacon, um erro de tradução da Bíblia é tomar staurós como estaca ou estaca de tortura e, baseando-se nisto, dizer que Jesus foi pregado em uma estaca ao invés de uma cruz. Isto pois, na época que se diz ser a da morte de Jesus, o significado da palavra já havia passado a abranger duas estacas cruzadas.
Fonte: Wikipédia
Fotos: Bíblia, Cópia da Bíblia de Gutenberg e Livro do Gênesis em Tamil de 1723
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